A polêmica dos desenhos: Uma linha tênue!

Essa semana, mais uma vez, a polêmica sobre os desenhos de Milo Manara e Frank Cho voltaram a causar burburinho nas redes sociais. Especificamente, uma desenhista fez caricaturas dos artistas nas mesmas poses dos seus polêmicos trabalhos. Com isso, muitas pessoas compartilharam a arte justificando como uma ação correta e que Milo Manara e Frank Cho mereciam aquilo e muito mais por serem machistas.

 

 

Infelizmente, a política do "8 ou 80" reina na internet: "Se concorda comigo, é a benevolência e a sapiência em pessoa. Se discorda, é o mal que deve ser expurgado!" 
É de sabedoria comum o quanto o ser humano é parcial por natureza, tendemos a ser mais complacentes com aquilo que nos agrada ou convém. E na internet isso se potencializa por muito. Estando no conforto de nossas casas, é bastante conveniente sermos os juízes e sentenciadores de toda e qualquer notícia que surge nas timelines das redes sociais, porém, esquecemos da mais básica regra para o convívio humano: "Há sempre uma visão diferente da sua, em qualquer situação!" Os artistas alvos da polêmica sempre foram conhecidos por terem estes traços mais chamativos. Isso nunca foi segredo para ninguém. Quando grandes editoras como Marvel e Dc convidam estes para integrarem seu corpo artístico, se pressupõe que as mesmas estejam de acordo com tudo isso. As espadas são apontadas com muita facilidade, e, muitas vezes, por pessoas que nem conhecem o histórico dos artistas, apenas seguem um ideal para se encaixar num determinado grupo. Assim fica fácil ser intelectual: basta repetir o que fazem algumas pessoas  e entoar frases feitas.

 

 

A linha entre extremismo e ponto de vista é tênue e enganosa. Quando se discute sobre um desenho, seja por defesa ou crítica, não se pode esquecer do fato principal: É UM DESENHO. Aquilo não é uma pessoa ou mesmo um animal com vida. É um desenho, e isso não se pode negar. Entendendo isso, entramos no campo de aceitação da opinião alheia. É muito fácil defender o seu ponto de vista: "se acredita naquilo, seus argumentos são irretocáveis". Porém, mesmo acreditando nisso, sabemos que esta é uma maneira errônea de entrar numa discussão. Não sejamos prepotentes em afirmar que tal desenho é ofensivo, inaceitável e que seus criadores devem ser atacados de todas as formas; por outro lado, não podemos deixar de entender quem se sinta ofendido com aquilo e que acha desnecessário tais gravuras.  Ok, esta seria uma discussão que se aproximaria da saudável. Mas, infelizmente, isso passa longe da nossa realidade.

Para defender seu ponto de vista sobre um desenho, as pessoas buscam justificativas que beiram realmente ao extremismo. Certo, você não curtiu aquilo, está no seu direito. Mas busque argumento em cima do desenho discutido. Não vamos esquecer: É UM DESENHO. 
O contraditório nisso tudo é que, muitos que fazem alarde sobre este assunto específico, são os mesmos que criticavam os amigos que entravam em discussão para defender os seus personagens preferidos: "Cara, por que você está defendendo o Homem- Aranha ou Batman? Eles são apenas desenhos. Não irão te agradecer por isso." Exatamente. Você se incomodar com algo é normal. Mas temos que entender o que está em pauta. Responder algo que te incomodou com uma ofensa direta à pessoas físicas, de fato, não parece a maneira mais intelectual de agir. Se não gosta do artista A ou B, você tem a opção de não consumir o material produzido por estes; também pode enviar críticas às editoras ou até mesmo construir textões no facebook. Mas tudo isso com argumentos plausíveis, nada que beira ao extremismo. Dizer que tais gravuras incentivam ao estupro ou violência à mulher, para este vos escreve, cai no mesmo argumento de que a mulher só é estuprada porque usa roupa curta. Não sejamos contraditórios no seu dia a dia. Ninguém vai violentar uma mulher porque viu uma capa do Frank Cho ou do Milo Manara, a pessoa faz isso porque é um psicopata. A culpa nunca é da mulher ou muito menos de um desenho. Não sejamos pobres nas nossas argumentações. Além de tudo isso, aquilo que não lhe apetece, com certeza é de agrado de muitos. E, acredite, existem pessoas que enxergam aquele desenho... como DESENHO - inclusive mulheres.

 
Por outro lado: gostar, entender que aquilo é um desenho e  simplesment largar um "foda se para quem não gosta", não te faz superior a ninguém. Entender a opinião alheia é essencial. Sempre existe algo que não gostamos, mas que são agradáveis aos olhos de muitos. Que bom que em muitas dessas vezes as pessoas nos explicam - com argumentos - porque aquilo é normal na visão delas. 
Não podemos cair na armadilha de muitos blogs e perfis  que simplesmente não querem entender o outro lado. Sua visão fechada o torna exatamente como aquele que você diz combater. O ignorante é aquele que não discute ideias ou opiniões. Uma palavra ou imagem podem sim ofender... como seres pensantes, com certeza já vivenciamos situações assim. 

Pessoalmente, aquele segundo desenho da Mulher Aranha me incomoda, acho desnecessário detalhar o órgão genital da personagem. Mas, como eu disse, há todo um histórico do artista que remete à esta situação. O que não diminui o meu incômodo pelo desenho citado. Porém, não vou promover um "caça às bruxas" ou acusar o artista ou aqueles que curtem a obra de machistas ou promovedores de qualquer coisa. Até porque, não podemos esquecer: há pouco tempo atrás, pessoas estavam sendo presas pelo simples fato de terem revistas hentais em casa.
Se entendermos que toda discussão é uma possibilidade de extrairmos novos conhecimentos e ideias, a resolução sempre será mais fácil.

Como disse, a linha entre opinião e extremismo é tênue. E, quando entramos no facebook, parece que nos tornamos os mais sábios e com conhecimento nível doutorado. Então, pelo menos, vamos tentar disfarçar e sermos coerentes nos nossos julgamentos e opiniões, sejam elas para ataque ou defesa. 

Até a próxima!!!!!!!

guest author area 51  Toddy Honesto
Bacharel em Publicidade e um duro convicto. Não tem dinheiro para comprar HQ´s, ir ao cinema ou Netflix. Busca sempre o Sim, porque o Não já é certo. Pai da Sofia, a cachorra cantora..  / 

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